sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ad infinitum


Durante muito tempo me prendi às lembranças. Fotos, palavras, gestos. Achava que, de alguma forma, elas poderiam compensar o que estava acontecendo no presente. Mas acabei construindo uma prisão de grossas grades de ouro e belas imagens.
Coloquei pessoas em pedestais, e situações em lindas molduras. O passado ia ficando cada vez mais bonito e ao mesmo tempo mais distante da realidade.  Você pode ficar preso no mais lindo castelo. Mas ainda será uma prisão.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

É como se tivesse comprado algo que não combinava com ele, mas de tanto usar, acabou se acostumando com aquele toque na pele e o cheiro que impregnava sua vida. Chegou a dizer que amava usar aquilo. Mas cansou. Usou uma desculpa qualquer, e todo aquele amor prometido e as promosses futuras, foram esquecidas. Primeiro sob um véu de carinho... Mas de claro ele foi ficando escuro e foram se distanciando. Até que ele se esqueceu.
De vez em quando encontra com ela em algum lugar. É educado, mas só. Nem se lembra do que conversaram, ou de como se sentiu quando quis usar daquele perfume, daquele capricho pela primeira vez. Prometeu que não faria aquilo de novo.
Mas um vício só se cura com outro.